Carta do Presidente do Gafcon, Outubro de 2020

Saudações em Nome de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Enquanto escrevo para vocês, meus irmãos e irmãs, é o outono aqui na América do Norte. Como você, estamos sendo desafiados pelo ataque da pandemia, mas não perdemos a esperança e estamos confiantes na fidelidade do Senhor de que Ele nunca nos deixará nem nos abandonará (Hebreus 10:35), e que nada pode separa-nos do amor de Deus em Cristo Jesus nosso Senhor (Romanos 8: 38-39). Continue a orar para que o Senhor alivie o mundo desta pandemia, oriente os médicos e funcionários de saúde e os políticos em suas decisões e traga cura para aqueles que contraíram o coronavírus.

Como você já deve saber, nosso Secretário Geral, o Arcebispo Ben Kwashi, está fazendo tratamento para o câncer. Ele está positivo e otimista. Por favor, continuem orando pela cura do Arcebispo Ben e por Glória, sua esposa, enquanto eles enfrentam este sério desafio.

No Ocidente, vimos nos últimos 60 anos uma mudança da modernidade para a pós-modernidade, que trouxe uma mudança radical na concepção popular da verdade, e isso teve um impacto dramático em nossas sociedades. Como Pilatos perguntou a Jesus antes de ser crucificado: "Qual é a verdade?" Agora parece que qualquer coisa pode responder a essa pergunta no Ocidente. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a VERDADE e a vida” (João 14.6). Os profetas pós-modernos de hoje dizem: "Ele pode ser um caminho, ele pode ser uma verdade, e todos precisam descobrir em suas próprias vidas o que a vida significa para eles." Como resultado, a Igreja no Ocidente e o Anglicanismo Ocidental declinaram e se distanciaram da Verdade Bíblica e da autoridade das Escrituras. Felizmente, isso ainda não infectou totalmente o Sul Global e o Oriente, mas essa filosofia está em movimento!

O testemunho dos primeiros cristãos foi uma mensagem incorporada em uma fé inabalável e ética moral. A Igreja primitiva habitava em um mundo com muitos falsos deuses, males sociais e governantes opressores. Aqueles primeiros seguidores de Jesus se colocaram diante de césares, centuriões e perseguições e disseram: “A salvação não se encontra em nenhum outro, pois não há nenhum outro nome dado à humanidade pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4.12). Enfrentando tortura, morte ou pobreza forçada, eles se recusaram a negar Jesus e seu ensino sobre a fidelidade a Deus e a santidade de vida. Eles pregaram com ousadia sobre uma transcendência acima das ideologias contemporâneas com consequências terrenas e eternas. O historiador Rodney Stark catalogou as maneiras como os primeiros seguidores de Jesus venceram o Império Romano:

  1. A igreja primitiva tinha extrema compaixão pelos necessitados. Eles superaram através do amor as ideologias culturais de sua época;
  2. A igreja primitiva tinha um compromisso extremo com a verdade (corporificada na pessoa de Jesus Cristo, bem como nas Escrituras), então eles pensaram, raciocinaram e ensinaram melhor do que os sistemas prevalecentes de seus dias;
  3. A igreja primitiva nos deu um sistema abrangente para o florescimento humano. Eles explicaram o propósito da vida, a santidade da Vida, o objetivo da vida humana e o valor de cada vida humana. Eles sobreviveram à decadente e decaída cultura romana de seus tempos.

A crise da fé anglicana ocidental de hoje também é uma crise da fé na sociedade. Qual é a verdade? O que importa? Quem é Deus? Como podemos conhecê-lo, amá-lo e andar corretamente com Ele? Como respondemos à impiedade, imoralidade e duplicidade insidiosa que ocorre ao nosso redor?

Embora a ordem ideológica Anglicana do Ocidente nos convide a “nos darmos bem” e ter “boas discordâncias”, mesmo sobre questões básicas da fé, as Escrituras nos chamam a defendermos a verdade em todos os assuntos relativos à salvação. Nossos antepassados na fé nos deixaram exemplos incríveis de sua relutância em sacrificar o ensino da Bíblia, substituindo-o pela mais recente determinação social ou intelectual, politicamente correta na fé e na moral.

Você notou que há uma diferença radical entre Filipenses 1 e Gálatas 1? Em Filipenses 1, o apóstolo Paulo lamenta e celebra as formas competitivas e rivais de pregar o Evangelho aos incrédulos. Ele diz: “É verdade que alguns pregam a Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade. Estes o fazem por amor, sabendo que aqui me encontro para a defesa do evangelho. Aqueles pregam a Cristo por ambição egoísta, sem sinceridade, pensando que me podem causar sofrimento enquanto estou preso. Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro. De fato, continuarei a alegrar-me” (Filipenses 1: 15-18).


Em contraste em Gálatas 1, Paulo está confrontando o falso ensino sobre o Evangelho por aqueles que dizem que acreditam nele. Ele diz: “Admiro-me de que vocês estejam bandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!” (Gálatas 1:6-9).

O teste decisivo de Paulo para a fé não foi ter uma boa discordância ou uma boa convivência, mas sim a verdade. Mesmo quando essa verdade foi pregada por motivos distintos, a verdade é o que importava. Fale a verdade em amor (Efésios 4:15). Mas pregar a verdade é pregá-la sem concessões. Um Evangelho diferente não é o Evangelho de forma alguma. Mais uma vez, as Escrituras são muito claras: “Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos. Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor.” (Judas 3-4).

O testemunho que vemos nas Escrituras e na história da igreja é que a verdade produz unidade e liberdade para amar. A clareza da verdade é poderosa. Essa verdade foi revelada na pessoa e no ensino de Jesus Cristo. E essa verdade torna todos nós livres para servirmos ao Reino de Deus e as pessoas deste mundo.

Por favor, ore por nossos líderes do GAFCON enquanto buscamos defender a verdade na Comunhão Anglicana, defender a unidade e compartilhar o Evangelho para aqueles que ainda não conhecem Jesus.

Em Cristo Jesus,
Arcebispo Foley

The Reverendíssimo Dr. Foley Beach
Presidente do Conselho de Primazes do Gafcon